Basta ir a um restaurante num sábado para perceber o quão comum se tornou a prática de dar o telemóvel às crianças. É compreensível. Os pais precisam de um tempo em paz para conversar entre si ou com amigos e as crianças não conseguem estar sentadas e quietas durante muito tempo.
O que acontece? A curto prazo, resulta – as crianças acalmam-se imediatamente. A longo prazo, poderá haver consequências para os jovens.
Consequências de as crianças comerem com o telemóvel à frente
1 Estamos a torná-las emocionalmente inaptas
Ao entregarmos o telemóvel ou tablet sempre que os nossos filhos fazem uma birra, se sentem tristes ou estão aborrecidos, pode parecer, inicialmente, que lhes estamos a fazer um favor ao conseguirmos que se acalmem.
Mas, na verdade, estamos a criar jovens e adultos incapazes de lidar com as suas emoções, pois começam a ganhar o hábito de controlar o que estão a sentir com um elemento externo – neste caso, os dispositivos eletrónicos.
Insistir nesta prática é perder uma oportunidade para ajudar a criança a ganhar um entendimento dos seus sentimentos e adquirir ferramentas internas para lidar com os mesmos.
2 Aumentamos a probabilidade de sofrerem de obesidade
Quando comemos em frente à televisão ou ao telemóvel, estamos menos conscientes da sensação de saciedade, o que pode levar a que comamos de forma automática, mesmo que não tenhamos fome.
Também pode acontecer o contrário: acabar por não comer o suficiente porque estamos distraídos.
Em qualquer dos casos, é aconselhável não usar dispositivos tecnológicos durante as refeições para que as crianças estejam mais cientes das sensações de saciedade e fome.
3 Impedimos a comunicação em família
Esta consequência não é exclusiva às interações com as crianças. Muitos adultos veem as suas relações a deteriorar, pois os momentos que poderiam ser utilizados para socializar são, cada vez mais, afetados pelo uso das tecnologias.
Frequentemente, o momento de comer é a única altura do dia que a família tem para estar toda reunida e passar tempo de qualidade. Ao permitirmos que os nossos filhos ganhem o hábito de direcionar toda a sua atenção para os dispositivos tecnológicos durante as refeições, estamos a desperdiçar uma oportunidade de comunicar com eles e estabelecer uma relação afetiva e emocional.
Conselhos para que os nossos filhos comam sem o telemóvel
1 Procure compreender o seu filho
Quando pais e mães vão jantar fora a um restaurante, o que esperam é que o seu filho fique sentado e quieto durante cerca de duas horas. Tal é impossível. Uma criança pequena precisa de se movimentar e explorar tudo aquilo que a rodeia.
O que devemos fazer nesta situação? Encurtar o tempo de refeição e, depois da mesma, procurar um espaço para que a criança possa correr, brincar e explorar livremente. Se temos a noção de que o nosso filho é incapaz de ficar calmo na sua cadeira ao fim de 40, 60 minutos, é preciso planear de antemão a refeição de acordo com esta duração.
2 Definir normas claras
De nada serve estabelecer limites para o uso de telemóveis num dia e, no seguinte, voltar a dar-lhes estes dispositivos a meio da refeição simplesmente porque estamos com pressa, cansados ou sem paciência para lidar com birras. É preciso que estas regras estejam claramente definidas e que sejam cumpridas consistentemente. Caso contrário, a criança não saberá em que dias pode ou não comer com o telemóvel e irá pedi-lo todos os dias.
3 Dê o exemplo
Como já mencionámos anteriormente, a dependência dos dispositivos digitais à mesa não é algo que acontece apenas com as crianças – provavelmente, um ou mais elementos da família têm este hábito. Antes de exigir que a criança altere um hábito, é importante que os pais sejam os primeiros a modificar o seu comportamento.