Depois de entendermos a necessidade da reestruturação do modelo atual de educação, é importante pensar na desconstrução de práticas usualmente dominantes dentro das escolas. No caso da educação física, utilizou-se diversas abordagens como Higienista, Pedagogicista, Esportivista, tecnicista, atitudes totalmente controversas aos objetivos da educação.
Segundo estudos, essas práticas foram utilizadas como forma de controlar a social, pois buscavam transmitir conhecimentos como algo inquestionável. Nelas, a educação era organizada segundo lógica de desenvolvimento de áreas específicas, ou seja, engessando a forma de ensinar e não permitindo que os alunos pensem com liberdade, sejam criativos, autônomos, independentes e solidários. Esses modelos de educação física ainda são utilizados em muitas instituições de ensino.
As práticas corporais, sem o devido cuidado, podem valorizar tendências de desigualdade ou falta de inclusão, que reforçam o preconceito, a injustiça social e o direito às diferenças. Dessa forma, é necessário que elas estimulem os estudantes a vivências diversas, como; leitura, ressignificação de crenças e aprofundamento em brincadeiras como danças, lutas, ginásticas e demais esportes. Tudo isso aplicado de maneira crítica, promovendo o rompimento da ideia de hierarquia estabelecida no currículo e a visão de que os professores ensinam e os alunos apenas aprendem.
Com o objetivo de mudar este cenário e demanda social, é necessário que os professores considerem o aluno como um todo, respeitando as diferenças culturais, individualidade, valor e crenças. Tendo como foco principal os estudantes, agindo como mediadores de aprendizagem, promovendo conhecimento através da relação mútua e pensando prioritariamente no coletivo. Incluindo as abordagens políticas e ideológicas, rompendo o modelo que tem o individual como foco principal.
É fundamental que a aprendizagem seja um processo em que o aluno se sinta parte, onde ele tenha a oportunidade de participar da escolha da atividade, realizar pesquisas, compartilhar os conhecimentos e avaliar. Ou seja, a prática deve vir acompanhada de fatores como; surgimento, principais regras, sua influência e fatores ideológicos na sociedade. Os estudantes devem ser tratados como seres autônomos, capazes de gerir tempo e espaço, exercendo seu direito à cidadania. A avaliação é contínua e contribui para a melhora do processo de aprendizagem.
Por fim, a educação física deve proporcionar contato com os diversos conteúdos, não somente os hegemônicos e legitimados. Todas as práticas devem ser problematizadas, com o objetivo de que os alunos tenham a oportunidade de questionar suas vivências, além de contribuir para um possível debate sobre os significados das práticas corporais e de seus praticantes.